musica e a Industria fonografica tradicional (fisica)

A musica e a industria estão mudando.

Apesar de não percebermos em nossa rotina diária, a dinâmica da produção e processos econômicos estão fortemente influenciados e redefinidos pelo avanço da tecnologia.

Mais uma vez, da mesma forma como ocorreu no início do século com a revolução industrial, a sociedade agora passa pelos impactos tecnológicos, levando a mutações em seus processos de produção. A indústria fonográfica não escapa dessa realidade.
Algum tempo atrás, introduzimos uma nota sobre a relação entre os artistas independentes e a tecnologia.

Hoje, a criação e distribuição de musica digital permite a aceleração, integração e barateamento dos processos dentro da cadeia de valor. O criador pode produzir e vender sem intermediários, difundindo sem limites sua musica em benefício de seus valores artísticos e comerciais.

Imaginem artistas isolados ou em grupos que são capazes de monetizar o acesso de milhares de usuários para seus sites. Que utilizam downloads de arquivos MP3 ou vídeos, que também usam a mídia para se promoverem em seus shows e concertos. Pois esse é o panorama atual da indústria musical.

Porque esta materia debería ser de meu interese?

Se você é um amante da musica, saiba como é o processo para poder chegar o CD em suas mão.

Se você é um músico, seja iniciante ou profissional, é fundamental para o desenvolvimento de sua carreira, conhecer e entender as mudanças radicais que estão ocorrendo na indústria discográfica trazendo câmbios de paradigma. Você deixa de ser empregado de uma gravadora para ter um negócio autogestionado. A musica era um produto agora é um serviço. Um serviço on-line.

O objetivo de Musicacolaborativa é colaborar oferecendo ferramentas de autogestão e informação para ajudar no desenvolvimento da carreira dos músicos. As mudanças criam oportunidades. Quanto maior a compreensão, maiores serão as oportunidades de captura de valor.
Vamos conhecer os conceitos sobre as empresas fonográficas e seu funcionamento, descobrindo os modelos de negócios e profissionais envolvidos.
É primordial saber de onde viemos, para saber que direção tomar.

Musica como negócio

Uma marcante característica do mercado musical é o conhecimento e processo do produto para vender. Isso possibilitou que as gravadoras se tornassem grandes empresas investindo valores altos para a produção e eficiência de seus produtos sonoros financeiramente rentáveis, buscando dessa maneira garantir o êxito na comercialização e distribuição de seus produtos a venda.

Alguns aspectos econômicos importantes ao momento de querer vender material fonográfico físico (CDs) são:

Probabilidade: A música é um produto intangível. Não se pode medir o nível de êxito ou sua demanda de uma maneira detalhada como é feito na comercialização de uma mercadoria. O consumo de obras sonoras e a satisfação do público está a um nível subjetivo (o que é bom para um pode ser ruim para outros).

Tendências: O consumidor de musica tem sua conduta de compra de produto sonoro altamente influenciado pelas relações culturais e sociais do ambiente onde vive, além das influências oriundas da moda, tendências populares (ocasiões especiais como o Natal e outras datas específicas), estilos de vida e hábitos de entretenimento (filmes, livros, viagens, etc.).

Incerteza: não se sabe se o produto produzido pela gravadora será bem recebido pelo público.  Por outro lado, esse mesmo público não sabe se vai gostar do que vai comprar. Em consequência, o futuro do produto é uma incógnita.

Luxo: A musica não é um produto essencial para o consumidor. Por este motivo, se a renda de um comprador se deteriora, ele não vai mais adquirir esse item. Neste sentido, a situação econômica, poder aquisitivo e tamanho do mercado do país (PIB) determina o nível de investimento pela gravadora.

Estas características tornam a indústria da musica um negócio volátil e de alto risco. Torna-se rentável quando alcança o êxito e a forma como esses grandes conglomerados se enfrentam para minimizar o risco de perda é investindo grandes somas de dinheiro em publicidade e marketing para criar necessidade no consumidor. Dessa forma, se busca gerar vendas e receber um retorno sobre seu investimento.

Industria fonografica tradicional (fisica)

Quem e quem na indústria fonográfica

A construção da cadeia de valor da indústria fonográfica pode servir para explorar em profundidade as diferentes categorias de profissionais e processos inerentes a esta indústria. Para fazer isso, vamos decompor o preço do produto final (o preço pago pelo consumidor) entre todas as partes interessadas ou setores que agregam valor ao bem finalizado.

A seguir mostramos como o preço de um CD pode ser fracionado (*):

musica e distribuiçao de regalias na industria fonografica

(*) Baseado em estimativas realizadas por Poel e Rutten (2001)

Esses percentuais podem variar segundo o caso. No entanto, o gráfico é muito útil para os fins explicativos propostos, distinguindo também papéis e funções segundo o setor:

  • Os compositores criam a obra musical e os editores exploram seu potencial comercial.
  • O artista executa a obra em sessões de gravação e torna-se o elemento central da promoção e comercialização do disco. O artista também pode ser o compositor da obra, mas não necessariamente.
  • Os produtores retém a execução do artista e editam de maneira a vender como um produto atraente para o mercado.
  • O fabricante se ocupa precisamente da fabricação dos discos. Realiza as cópias do CD em sua planta de impressão.
  • As gravadoras coordenam e financiam esses processos e também se ocupam da comercialização do produto.
  • Os distribuidores repartem fisicamente os discos, podendo chegar a ter atividades de marketing próprias.
  • Os comércios varejistas vendem o produto diretamente ao consumidor.

Dinâmica na Indústria fonográfica tradicional 

Geralmente, os processos envolvidos na indústria da música são realizados da seguinte forma: primeiramente, os músicos levam uma amostra do seu trabalho para as gravadoras ou editoras, onde são avaliadas pela equipe de direção artística (também chamados A&R “Artist and Repertoire” ou Artista e Repertório, responsáveis por procurar e encontrar novos talentos). São o elo com a comunidade artística e ao mesmo tempo atuam como “porteiros” ou filtros da indústria musical. Apenas uma pequena fração dos artistas conseguem assinar um contrato com uma gravadora e editar sua música.

Se esses gatekeepers encontram material promissor então se iniciam as negociações. O artista assina um contrato com a gravadora que irá financiar a gravação do álbum, sob a direção e supervisão de um produtor designado (que também recebe uma porcentagem das vendas em royalties). Finalmente, a gravadora tem a fita master para a gráfica onde a duplicação do disco é realizada. Estas cópias são entregues ao distribuidor, que é responsável por fornecer os discos para os varejistas (lojas de discos), enquanto a gravadora intensifica a promoção e comercialização do produto.

As grandes gravadoras

Como resulta do exposto, o papel das gravadoras é basicamente encontrar e desenvolver talentos, e canalizar a criatividade dos compositores e músicos em gravações sonoras comercialmente viáveis. Divulgar e promover seu consumo, usando o conhecimento do mercado, gostos e tendências do público, os contatos necessários e os canais de marketing mais eficazes.

As gravadoras são, afinal, as que decidem que música se escuta.

Globalmente, a maior parte do mercado é controlada por cinco grandes indústrias fonográficas. Universal Music Group (25,9%), Sony Music (14,1%), EMI (12,0%), BMG (11,1%) e Warner Music (11,9 %) (segundo IFPI para 2003), além de selos independentes que representam uma quota de mercado de 25,0%.

Normalmente, as grandes gravadoras estão verticalmente integradas. Possuem suas próprias plantas de impressão de CDs com redes de distribuição ao nível varejista. Geralmente estão associadas com editoras.

Operar redes de distribuição não é tarefa fácil. Isso acarreta enormes custos. Por exemplo o depósito, transporte de carga, controle de estoque, pessoal de vendas, etc.. Eles são necessários para mover produtos desde as plantas até os pontos de venda.

Para se ter uma ideia, a WEA-distribuidora americana, possui 1150 funcionários. Warner Bros Records EUA (cujos discos distribui) tem apenas 350.

No entanto, existem outras gravadoras de nível inferior em hierarquia, porém importantes no negócio. São as empresas que exercem todas as funções das grandes gravadoras, mas não têm a capacidade de distribuir discos para varejistas. Claramente isso faz uma grande diferença. Geralmente são propriedade das grandes indústrias fonográficas e essas últimas se encarregam da distribuição física dos discos. 

Os selos independentes

Há também os chamados Selos Independentes, que não têm afiliação com as grandes empresas. Normalmente eles têm uma pequena equipe. Contratam as maiores empresas para executar todas as funções que necessitam, exceto a gravação do disco.

Nestes casos, a distribuição pode ser feita pelas grandes distribuidoras e também por distribuidoras independentes não afiliadas com as grandes empresas cuja principal contribuição está na capacidade para encontrar talentos e uma melhor gestão de gêneros musicais especializados. Isso ocorre porque os nichos de mercado especializados são pequenos demais para interessar às grandes empresas e as gravadoras independentes estão melhor conectadas com lojas de discos especializadas que vendem estes produtos.

A realidade dos músicos nesse proceso

As grandes gravadoras são as mais poderosas na indústria fonográfica. Graças ao controle monopolista sobre os principais canais de comercialização e distribuição, e a capacidade que possuem para vincular os artistas através de contratos exclusivos de longo prazo.

Os novos artistas têm acesso muito limitado aos canais de comercialização e distribuição. Deste modo eles não podem competir no mercado por si mesmos. Isso limita severamente seu âmbito de ação. Suas opções são: ou assinam um contrato, o que vai permitir que a gravadora fature a maior parte dos benefícios pois geralmente os selos são feitos com 85 a 90% dos lucros das vendas, ou permanecem em um pequeno nicho do mercado.

Pelo menos, isso ate hoje….

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Musica e a transformação da industria fonográfica
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